segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pandemônio

Olá, leitores.
Pouco mais de um século que eu não posto, não é mesmo? Sim, eu tinha desistido da ideia do blog, mas hoje, por algum motivo não intencional, estava procurando por alguma resenha interessante para usar em um trabalho da escola, e senti vontade de voltar a escrever aqui, então lá vamos nós.
Para quem já acompanhava o blog, há alguns meses eu postei a resenha de Delírio, da autora Lauren Oliver, e há algum tempo eu comprei sua continuação, Pandemônio, disponível pela editora Intrínseca, mas não havia começado a ler ainda, até que minha mãe, outra fã assumida da saga, pegou o livro no meu quarto.
Pandemônio, se não melhor, é tão bom quanto seu antecessor, fazendo jus ao legado que Oliver deixa em sua carreira. Não escondo de ninguém que sou completamente apaixonada pela saga, desde que comprei o primeiro, e agora espero ansiosamente pela continuação e tradução de Requiém, terceiro e último livro, no Brasil.
Pandemônio segue o mesmo estilo de capa de Delírio, mudando apenas a cor, mas mantendo a imagem entre as letras, o que me fez comprar o livro da outra vez. Sim, eu realmente julgo um livro pela capa, e Delírio foi um dos quais eu comprei porque achei a capa bonita e brilhante.
Descobri Pandemônio pelo acaso, assim que terminei de ler Delírio, em meados de Dezembro (adoro falar "meados de Dezembro", acho muito Natal), entreguei-o para minha mãe, que logo virou uma fã nata do Alex, assim como todos que o leem. Se você não leu Delírio, recomendo ver sua resenha, disponível aqui .
Enfim, quando minha mãe terminou, eu já estava entretida com o segundo livro de Os Heróis do Olimpo, e nem cheguei a pensar na continuação da obra.
Apenas em uma nova compra de livros, em Março ou Abril, resolvi procurar pela continuação, e fiquei surpresa ao ver que estava disponível no Brasil, e comprei imediatamente, mas ainda não a tinha lido até essa semana. Além do incentivo da minha mãe, comecei a ler o livro porque li que Delírio será adaptado para o cinema, com a Emma Roberts interpretando Lena, e isso me lembrou de Pandemônio, na minha estante a mais de seis meses.

Pandemônio dá continuidade a história de Lena, como uma nova refugiada na Selva, local além do alcance da intervenção da deliria, conhecida popularmente como amor, e nesta época futurística, conhecida como uma doença capaz de matar aqueles que a contraem.
Lena, após perder o amor de sua vida, Alex, em uma fuga desesperada para a Selva, onde ele é morto por policiais, vê-se em uma nova realidade, totalmente diferente de sua vida totalmente controlada na cidade de Portland.
Na Selva, Lena conhece Graúna, líder de um dos principais refúgios para fugitivos desabrigados, e em primeiro momento, Lena vê-se devastada demais até mesmo para conversar ou andar alguns passos, com o pensamento fixo em Alex o tempo todo, mas com o passar dos dias e meses, ela acostuma-se a sua nova vida vivendo em meio a floresta com outros desabrigados, em uma busca intermitente por alimento e abrigo.
Com o tempo, Lena é infiltrada na cidade de Manhattan pelos refugiados, que possuíam há muito tempo um plano de tomar as cidades com o controle do deliria. Lena é colocada como uma das agentes, mudando nome e idade, com um único objetivo: nunca tirar os olhos de Julian, o filho do prefeito local.
Em um dos levantes proporcionados por grupos de Saqueadores, que são refugiados interessados em roubar as cidades, Lena é coloca em cativeiro com Julian, que ao descobrir a verdadeira identidade da garota, sente medo dela, acostumado estava a sua vida sem amor, considerando-o como doença.
Mas com o tempo Lena e Julian vão tornando-se mais próximos, compartilhando segredos e planos até o dia em que ambos conseguem fugir, e Lena descobre que está apaixonada por ele, ao mesmo tempo que a culpa a devasta por estar traindo a memória de Alex.
Conseguirá Lena decidir em ficar com Julian, filho de um dos seus maiores inimigos, ou honrar eternamente a memória de seu namorado morto? E poderá ela descobrir cada vez mais sobre sua mãe, que por anos pensou estar morta, mas então descobre que pode ser uma refugiada como ela, habitando a Selva?
Lena terá de escolher entre o amor, que ao mesmo tempo em que a faz cada vez mais dura e forte para lutar por ele, também a devasta por dentro.

"Alex.
Não. Alex está aqui. Você precisa imaginar. 
Passo a passo, luto contra abelhas, mosquitos, afasto os galhos grossos e cheios de ramos, atravesso nuvens de pernilongos e bruma que paira no ar (...) Estou apavorada demais para dormir. Se dormir, eu vou morrer.
Não nasço de repente, a nova Lena.
Passo a passo - e depois, centímetro por centímetro.
Engatinho, as entranhas retorcidas, virando pó, a boca cheia de gosto de fumaça.
Unha por unha, como uma minhoca.
É assim que ela vem ao mundo, a nova Lena"

Pandemônio consegue atingir o mesmo grau de curiosidade de Delírio, com um fim bastante questionário e que me deixa cada vez mais ansiosa para ler o terceiro livro e descobrir o desfecho da história. A cada página minha dúvida paira no ar, de qual dos dois garotos devo gostar mais, e Lena no meio, divida por tipos diferentes de amor verdadeiro.
Adoro o jeito como Oliver escreve, como consegue transmitir todos os tipos de sentimentos pelas mais simples palavras, e Pandemônio me fez rir, me apaixonar, chorar e pedir a cada segundo por mais, aquele tipo de livro que você quer descobrir o fim mas também quer que nunca acabe.

"E Julian está comigo. E eu o encontrei, e ele me seguiu. Estico o braço na penumbra, em silêncio, e encontro suas mãos (...) Obrigado, ele está dizendo, e estou respondendo. Estou tão feliz, tão feliz. Eu precisava que você ficasse bem. Espero que ele entenda."

Pandemônio, assim como Delírio, recomendo a todos que estiverem procurando por uma história instigante, romântica e simplesmente fantástica. Não é o tipo de livro que você esquece rapidamente. Esse eu já li, e amei.
 



sexta-feira, 28 de junho de 2013

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros

Olá, leitores.
Faz um tempinho que não escrevo, estava realmente presa em um livro, pois já o li boas quatro vezes e estou relendo para contá-lo na apresentação mestral no Colégio.
Hoje vou falar de um livro muito interessante, pelo qual me atraí desde o primeiro momento. Muitas das pessoas o conhecem pelo filme, que assisti antes do livro e é muito bom, mas mesmo assim, diferente do que acontece em algumas obras nas quais assisto o filme primeiramente e já descubro assim o livro todo, essa obra deixou um suspense crescente em cada página e no fim, mesmo sabendo o que iria acontecer, não pude evitar o espanto.
Abraham Lincoln Caçador de Vampiros tem um título e enredo polêmico, somente por ler o nome na cama e vê-la, pode-se perceber que será um assunto e história notavelmente complicada de se discutir.



Como pode-se perceber, apenas de olhar a capa, uma grande inquietação nos percorre, não só pelo título, mas também pela imagem, na frente, o famoso presidente Lincoln com o seu titular machado, sangue nas paredes. O verso, o mesmo segurando a cabeça de um vampiro. Assim que vi isso, senti uma vontade tremenda de comprá-lo.
Descobri esse livro em Julho do ano passado, mas nessa mesma época estava para lançar o segundo livro da Série Shadow Falls, pela qual sou loucamente apaixonada, por isso resolvi comprar este invés de A. L. Caçador de Vampiros, do escritor Seth Grahame- Smith, autor também de Orgulho e Preconceito e Zumbis, que também quero muito comprar, novamente pelo título.
Recapitulando, eu estava na Bahia, com duas opções de compra na mão, cinco minutos para o avião embarcar e não conseguia escolher. Fui pela lógica e peguei o Shadow Falls, e não me arrependo.
Mais ou menos em Outubro, época em que meus pais viajaram para Budapeste, eles (leitores como eu), compraram Abraham Lincoln Caçador de Vampiros, e meu pai fez questão de me avisar pelo telefone, me fazendo esperar por quase um mês até poder lê-lo.
Mas estava lendo outras obras, e deixei esse meio jogado na estante, pegando-o novamente agora, e esta é minha história com o livro.
Bem, vamos ao resumo.

Abraham Lincoln tem a mãe morta em seus braços, o menino, ainda pequeno, presencia a cena de sua mãe falecendo em seus braços, com a doença que chamavam de "doença do leite", mas Abe sabia que não era aquilo, e sim que alguém havia matado sua mãe, ele mesmo havia visto.

"Como eu poderia reverenciar um Deus que permitisse que existissem vampiros? Um Deus que deixara minha mãe cair nas garras deles? Ou el
Nessa época, Abe começou a acreditar em vampiros, e jurou por sua vida que, até sua morte, mataria o maior número possível dos seres que assassinaram sua amada mãe. Assim que completa a maioridade, Abe sai de casa em busca de vampiros para matar, jovem e forte, capaz de partir uma árvore ao meio com seu machado em apenas um golpe, ele ruma de cidade por cidade, até cair em uma emboscada e ser salvo pelo ser da espécie que matou sua mãe, um vampiro.
Abe conhece Henry, um vampiro, e no começo, jura que irá matá-lo, mas Henry mostra-se diferente dos outros vampiros e Abe começa a confiar nele, que estabelece uma residência para o protegido em troca de, cada vez que ele mandasse uma carta para Abe, ele deveria procurar o nome do vampiro escrito na carta e matá-lo. Abraham fica feliz com aquilo, além de ser treinado, também teria uma boa lista de vampiros para matar.
Abraham sempre teve uma fala impotente, e com o tempo, elege-se a candidato de vereador de uma cidade, muitos pensavam que ele era apenas um homem alto, barbudo e destrambelhado, ninguém imaginava que ele era o maior caçador de vampiros da América do Norte. 
Por cinquenta anos, Abe segue as cartas de Henry, arrumando colaboradores que o ajudam a matar vampiros, mas sua vida fica cada vez mais triste, depois que Anne, o amor de sua vida, é assassinada por um vampiro, assim como sua mãe. Abe percebe que não poderia viver daquele modo, pensa em suicídio várias vezes, mas por fim, Henry toma uma conclusão, para poderem destruir todos os vampiros da América, a escravidão ( os vampiros alimentavam-se dos escravos) deveria ser abolida, e o único modo daquilo acontecer seria com Abraham, um político e caçador influente, tornar-se presidente e iniciar uma Guerra.
Em meio ao caos, morte e pesadelos, o livro de Grahame- Smith é recheado de suspense e mistério, que nos faz ler o livro com muita empolgação, sem parar por um único momento. Em páginas intercaladas pela história em terceira pessoa e trechos do Diário Pessoal do próprio Abraham Lincoln, uma história de homéricas proporções inicia-se, deixando até mesmo os mais entendidos no assunto da Guerra Civil Americana com um ponto de exclamação na mente.
Aprendi muito sobre a história da Guerra da Secessão, entre outros conflitos existenciais e presidencialistas de Abraham. O livro é dividido em três partes "Menino", "Caçador de Vampiros" e "Presidente", divididos de um modo muito ordenado e que deixou a leitura mais prazerosa.
Alternando trechos entre primeira e terceira pessoa, o que me agradou muito, Grahame-Smith mostrou-se um autor ilustre em sua obra, e mal posso esperar por mais escritos históricos com seu ponto de vista interessante.
Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros,
Esse eu já li, e a aprovei.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Calafrio

Olá, leitores.
Aqui onde eu moro está excessivamente frio, para todos, um clima horroroso, chuva, vento, aquele friozinho horrível nos lábios, que nos faz lambê-los à toda hora, mas para mim, não existe época melhor.
O frio e o ar livre são as maiores características de leitura para um bom livro, mesmo morrendo de tanto congelar, não hesito ao pegar minhas cobertas e ler na grama, pois não existe melhor local para fazer isso, ouvindo o canto dos passarinhos, o som das folhas batendo e do mensageiro dos ventos, doce e metálico.
Sim, sei que você está pensando "mas o que isso tem a ver com resumo de livros?". Surpreendo-lhe ao dizer "tudo". O inverno, além de ser a melhor época para ler, é a melhor época para comprar livros, pois é mais ou menos quando saem todas as continuações e lançamentos de livros divinos, isso digo por conta própria.
Não estava conseguindo ler direito nos últimos dias, pois sabia que uma encomenda nova de livros estava para chegar aqui, como presente de aniversário, e minha frustração ia crescendo pela demora, tirando minha concentração, mas agora os livros chegaram, e já tenho conteúdo novo para essa postagem.
A obra de hoje chama-se Calafrio, da escritora Maggie Stiefvater. Afirmo com toda a certeza, Calafrio é um dos melhores livros sobrenaturais que já li. Agora você diz "mas eu odeio sobrenatural" e eu respondo para que não desista do livro logo agora, você há de se surpreender, assim como eu.
Quando as pessoas pensam em sobrenatural, logo imaginam Crepúsculo, mas o livro não tem relação alguma com a obra de Stephanie Mayer ( que eu não gosto, por sinal), mesmo que o The New York Times tenha feito a seguinte crítica de Calafrio:
" Se você é fã de Crepúsculo, vai amar Calafrio" - The Observer

Muito bem, agora digo: não, não sou fã de Crepúsculo, aliás, não gosto nem um pouco. Sim, muitos vão julgar-me, dizer que fui influenciada pelas massas odiadoras de Crepúsculo, mas digo que não. Antes mesmo da série virar moda, eu li o primeiro livro e o segundo ( Lua Nova), e não me surpreendi nem um pouco, achei realmente monótono, um livro que não diz nada, não conta nada. Mas como meu objetivo não é criticar essa tão amada saga pelo mundo, vou voltar a falar de Calafrio.
Apenas para constar que se você não gosta de Crepúsculo, não desista de ler Calafrio.
Bem, esse livro veio na minha última remessa de livros, mais ou menos em Agosto do ano passado, e juro, nessa remessa conquistei um horrível dedo podre e só selecionei livros ruins, por sorte, consegui alguns muito bons também, como este. 
Admito, comprei o livro pela capa, e aconselho que não façam isso, principalmente quando estão comprando pela Internet, pois nessa época eu não almejava por nenhum livro em específico e fui escolhendo-os pela capa e pelo gênero, no caso, sobrenatural, estilo pelo qual eu estava fissurada na época.
A capa é muito bonita, de uma interpretação interessante, e só por ela, já pude perceber que era um livro misterioso e passado em lugar de neve, que, como escritora, admito que são os lugares mais gostoso para se fazer uma narrativa: na neve. Muitas coisas podem acontecer na neve, por isso é tão bom escrever em seu cenário.
Andei pesquisando sobre a saga desse livro, chamada de Lobos de Mercy Falls, e vi que  a série tem outro tipo de capa diferente, não sei se o livro é o mesmo, mas o que eu li ( e achei ótimo, por sinal), é o da capa abaixo.

Iremos ao resumo.
O livro conta a história de Grace, uma jovem de dezessete anos que tem uma vida normal, estuda, tem alguns amigos no colégio, sustenta um semblante comum de adolescente, mas ela esconde um terrível segredo, havia muitos anos. Quando Gracie tinha onze anos, foi atacada por lobos que viviam no bosque em frente à sua casa, e só não foi morta por eles porque um dos lobos, cinzento e com peculiares olhos amarelos, como mel aquecido, salvou-a da morte.
Desde esse primeiro contato, em todos os Invernos Grace via seu lobo esperar-lhe, observar-lhe do bosque, mas sem nunca se aproximar. Ela estranhava o fato do grande animal aparecer em todos os invernos e ficar sustentando seu olhar com aquele peso amarelo, mas o mais estranho era que ele sumia completamente no verão e primavera. 

" Nunca tive medo dele. Era grande o bastante para me arrancar do balanço, forte o bastante para me derrubar no chão e me arrastar para o bosque. Mas a ferocidade de seu corpo não existia em seus olhos. Eu me lembrava do seu olhar, de cada tom de amarelo, e não podia ter medo. Sabia que ele não me faria mal. (...) E assim tudo continuou igual, por seis anos: a presença alarmante dos lobos no inverno, e sua mais alarmante ausência no verão. Eu realmente não pensava no tempo. Pensava que eram lobos. Apenas lobos."

Grace sustentava aquele segredo desde o ataque, mas quando um dos seus colegas de escola, Jack, é atacado por lobos, Grace se vê apavorada, lembrando-se do que acontecera com ela mesma naquela época, mas o mais amedrontador é quando ela vê Jack, ou melhor, um lobo, como os que a atacaram, mas que possuía os olhos de Jack.

... " Eu poderia ter gritado, mas não gritei. Poderia ter lutado, mas não lutei. Só fiquei lá, deitada e deixei acontecer, observando o céu branco de inverno tornar-se cinza acima de mim. 
Um lobo me cutucou a mão e a bochecha com o focinho, projetando uma sombra sobre meu rosto. Seus olhos amarelos penetraram nos meus enquanto os outros lobos me sacudiam por todos os lados.(...) Não havia sol, não havia luz, e eu estava morrendo. Não conseguia me lembrar de como era a cor do céu. Mas eu não morri, estava perdida no mar de frio, e depois renasci em um mundo de calor. 
Me lembro apenas disso: seus olhos amarelos. 
Achei que nunca mais fosse vê-los"

Naquela mesma época, a cidade, em instinto de vingança pela morte do rapaz, planeja alvejar os lobos do bosque, e na noite do ataque, um rapaz aparece na casa de Grace, nu, atordoado, mas ela logo reconhece seu lobo, pois os olhos amarelos eram os mesmos.
Em pouco tempo, Grace se vê imersa no mundo dos lobos, enquanto conhece Sam, seu lobo, que conta-lhe toda a história de sua transformação: uma pessoa vira lobisomem quando é mordida por um, no calor, eles voltam a ser humanos, no frio, viram lobos, com pensamento irracionais e instintivos, mas com o passar do tempo e com a queda de temperatura, os lobisomens param de virar humanos, até que passam a ser apenas lobos comuns. Sam sente que aquele era seu último ano como homem, e logo voltaria a ser lobo, para todo o sempre, a ideia não lhe parece tão repulsiva, mas logo torna-se inaceitável, pois Grace apaixona-se perdidamente por seu lobo, e ele também.

(...)" Na penumbra, pude perceber sua expressão triste ao enfrentar o território proibido do colchão. Eu não sabia se achava charmosa sua relutância em partilhar a cama com uma garota ou um insulto, por, aparentemente, não ser atraente o bastante para que ele não investisse como um touro no colchão"

Em meio ao romance, ambos precisam conseguir um modo de impedir Sam de voltar a ser lobo, e descobrir quem na verdade é Grace, que lembrava-se de ter sido mordida quando foi atacada, seis anos atrás. O mistério envolvente, cercado por romance, dúvidas e perdas, faz de Calafrio uma história tão fantástica, daquelas que nos faz ler rapidamente.

(...) "Seus olhos seguiram minha mão, do seu ombro ao meu colo, e eu a vi também engolir em seco. A pergunta óbvia - quando me transformaria de novo - pendia entre nós, mas nem eu nem ela colocava-a em palavras. Eu ainda não estava pronto para lhe dizer. Meu peito doía, em pensar em deixar tudo aquilo para trás."

Como percebe-se pelas passagens, o livro é todo descrito em primeira pessoa, mas com personagens diferentes, em alguns momentos, é narrado pelo ponto de vista de Grace, em outros, pelo de Sam, tanto em forma de lobo como de humano. O que me chamou realmente a atenção nessa obra foi a nuance dos detalhes que a autora acrescentou, fazendo-os parecer tão sutis mas tão necessários ao mesmo tempo, como a descrição de cheiros, sabores, texturas e temperaturas, que me fez entrar completamente no enredo e floresta de Mercy Falls, sentir realmente o frio sepulcral das transformações que acometiam os lobisomens quanto aos odores, tão bem exemplificados.
O livro é realmente muito bom, li-o em um dia ( comecei em uma tarde e terminei na outra), e no momento em que abri a primeira página, vi que não conseguiria pará-lo até descobrir o fim da história de amor, que é realmente interessante, não melosa ou intrigante como em outros livros, focado principalmente no assunto "lobo", não nos momentos afetivos do casal, que, embora poucos, são muito bem feitos. Todos os personagens tem um fundamento, não existe um só personagem que apareça para ser descartado, além de contar com uma pequena seleção dos mesmos, fazendo tudo ficar mais envolvente e fácil de compreender.
Calafrio é delicioso, maravilhoso para o Inverno, para ler-se sob as cobertas.
Esse eu já li, e aprovei.


domingo, 12 de maio de 2013

Terrível Encanto

Olá, leitores.
Hoje vou fazer a resenha de um livro que acabei de terminar, e, diferente de todos os que já resumi aqui, não gostei muito dele. Mesmo assim, achei necessário resenhá-lo, pois outras pessoas podem vir à ler a páginas e desistir ou persistir com a compra depois de ler.
A obra chama-se Terrível Encanto, da escritora Melissa Marr. Então vêm-se a pergunta: por que você não gostou do livro? A questão é a seguinte, o livro não é ruim, a autora tem um modo de escrita interessante, os personagens são bem bolados, mas ao meu ver, a obra em conjunto não ficou tão interessante, faltou aquele "algo mais", que eu encontrei em todos os resumos que já citei aqui, mas não esteve presente em Terrível Encanto.
Comprei o livro sem querer, para ser sincera. Em maio e outubro, normalmente lançam-se as continuações de sagas, mas nos meses entre esses ocorrem os lançamentos de livros novos, e comprei a obra em junho do ano passado. Estava pesquisando na Internet livros do gênero sobrenatural, pois naquela época estava apaixonada por esse estilo, quando deparei-me com Terrível Encanto. O título é muito interessante, poderia ter diversas interpretações, e contracenando com a capa, que considerei de muito bom gosto, considerei que seria uma leitura excelente, algo que realmente não foi.


Descobri ontem que o livro tem uma continuação, Tinta Perigosa, mas admito que não estou muito interessada em comprá-lo, pois se o primeiro já não foi uma leitura agradável, não me empolgo muito com o segundo, ou com todos que podem vir. 
Terrível Encanto possui 357 páginas, e o que considerei o mais interessante do livro foram os pequenos trechos que a autora inseriu no início de cada capítulo, pois dão uma bela essência ao texto, tornando-o mais receptivo.

" Os seres encantados derramaram três gotas de um precioso líquido na pálpebra esquerda de sua companheira, e ela viu um país delicioso... A partir desse momento ela adquiriu a faculdade de discernir os seres encantados enquanto eles circulavam invisíveis.
- A mitologia dos seres encantados
de Thomas Keightley (1870)"

Bom, além disso, não há muito a se falar, por isso vou partir diretamente ao resumo.
Terrível Encanto conta a história de Aislinn, uma garota de 17 anos que parece com todas as outras, mas ela possui algo diferente, chamado por ela de Visão. A Visão permite Aislinn de ver o seres encantados, que são como monstros vagantes da terra, mas invisíveis para os seres humanos, exceto para Aislinn e sua avó, que também tem a Visão.
Ela passou a vida inteira tentando evitá-los, impedindo-os de saberem que têm a Visão, pois sua avó contara-lhe que na antiguidade os seres encantados arrancavam os olhos de quem tivesse Visão. A regra principal para a vida de Aislinn é nunca, em hipótese alguma, despertar a atenção dos seres encantados.
Mas Aislinn desperta a curiosidade e atenção de Keenan, nada mais nada menos que o Rei do Verão dos seres encantados. Os seres encantados são divididos em várias cortes, a Corte do Verão e a do Inverno, comandada pela maligna mãe de Keenan, Beira.
Havia muitos anos quando Beira lançou uma maldição na Corte do Verão, dizendo que o Inverno dominaria o mundo até que Keenan encontrasse a Rainha do Verão, a única capaz de matar Beira, e só assim ele seria poderoso, mas Keenan, mesmo depois de muitas tentativas, não consegue encontrar sua rainha, e qualquer mulher que não estivesse predestinada a ser rainha tocasse o bastão de Beira, que só poderia ser tocado pela verdadeira líder, receberia o frio do Inverno em seu âmago, até que a próxima garota tomasse seu lugar. Esse é o caso de Donia, última amante de Keenan e a responsável de impedir a próxima de acreditar em Keenan.

"- Há alguma forma de sair de seja lá o que for esse caos? Quero voltar à minha vida. Não há alguém com quem a gente possa falar?
Donia fechou a porta do guarda-roupa com cuidado, sem olhar para Aislinn. Ninguém jamais perguntara isso também.
Ainda virada para o guarda-roupa, ela disse:
- Apenas uma garota conseguiu evitar a escolha.
- Como? 
Virando-se, Donia sustentou o olhar de Aislinn e matou a esperança que rastejara na voz dela.
- Ela morreu"

Ela tenta ajudar Aislinn, dizendo-a para não confiar no Rei do Verão, mas tanto Donia quanto Keenan sentem que Aislinn seria a verdadeira rainha do Verão, e Beira fica muito desconfiada. Mas o problema é, que diferente de todas as meninas que Keenan já cortejara, Aislinn não o ama nem sente atração por ele, pois ela já estava apaixonada por seu melhor amigo Seth, para quem já contara sobre sua Visão e sobre Keenan.

"Atrás dela Keenan esperava, a luz do sol resplandecendo de sua pele, fazendo com que Donia sentisse vertigem ao olhá-lo. Muito tempo se passara desde que o vira cintilar tão claramente, e ela tentara se convencer de que não era tão bonito quanto parecia em suas lembranças.
Ela errara.
Donia se forçou a desviar o olhar dele.
- Por favor - rogou - Deixe que Aislinn seja a escolhida"

De pouco em pouco Keenan vai encantando-a, até que, bêbada, ela revela que consegue ver os seres encantados, e todos assim tem certeza de que ela é a Rainha do Verão. Aislinn tem duas escolhas, ou ignora todos os avisos de Donia e segura o bastão da Rainha do Inverno, correndo o risco de tornar-se como Donia e suportar o frio do Inverno em seu ser, ou vira uma Garota do Verão, presa pela eternidade com Keenan e todas as outras Garotas do Verão.
Além disso, ela está dividida entre dois homens, um mortal que que a ama mais do que tudo e um rei que precisa dela ao seu lado.
Quais serão as escolhas de Aislinn?

" - Fez o quê?
- Ela me curou com um beijo, partilhou suas forças comigo. - Ainda segurando uma das mãos dela, Keenan se ajoelhou, olhando para cima em direção à ela, lágrimas douradas rolando de seu rosto como um córrego de brilho de sol líquido. 
As criaturas se ajoelharam junto à ele no beco sujo.
- Minha Rainha. - Keenan soltou a mão dela para alcançar o rosto de Aislinn.
E ela correu, correu como nunca em sua vida, esmagando o gelo de Beira - que ainda emitia uma luz trêmula - sob seus pés, escapando do brilho da luz do sol emitido pela pele de Keenan"

Como eu disse, o livro não foi realmente interessante, mas não chega ao ponto de ser ruim, apenas fraco, pois a autora não soube trabalhar em alguns momentos realmente bons, como o momento em que Keenan descobriu que ela tinha a Visão, e exagerou muito em outros, como na hora de descrever Keenan, a pele dele, seu brilho de luz, etc.
Bom leitores, é isso, esse eu já li, e infelizmente, não aprovei.

domingo, 5 de maio de 2013

A Pirâmide Vermelha

Olá, leitores.
Passei um tempinho sem postar, desculpem, mas o verdadeiro motivo é que estive muito ocupada com o meu aniversário, e também decidindo que livros vou comprar no meu aniversário. Assim que recebê-los, posto a relação aqui para vocês.
Bem, o livro que vou contar-lhes hoje, pelo menos para mim, é um livro relativamente antigo, mas atual ao mesmo tempo. Muitas pessoas, quando o leem, não dão muita importância, e alguns até mesmo desistem no meio, mas o meu conselho para essa obra é: não pare no meio.
Não que o livro seja cansativo, ou ruim, ele é simplesmente detalhista. Como já disse antes, gosto muito de livros detalhistas e que ensinam algo de outras culturas para gente, como o livro A Maldição do Tigre, que já resumi, e conta uma boa parte da cultura indiana.
O livro de hoje chama-se A Pirâmide Vermelha, e, ao invés da indiana, ele nos traz uma forte parcela da cultura egípcia, a qual, admito, aprecio muito. Desde a primeira página percebemos que o livro demonstra uma forte bagagem cultural, mas muitos, quando começam a leitura, pensam que será um livro egípcio tedioso, como O Filho da Luz, de Christian Jacq, por exemplo. Mas não, como leitora dos dois, fica avisado que ambos não tem relação alguma um com o outro, apenas pelo fato de terem como base o Egito.
Muito bem, como eu disse antes, o livro é relativamente antigo, mas não no ponto de vista de época de lançamento, já que é uma obra do mesmo escritor da famosa série Percy Jackson, Rick Riordan. O livro é antigo pelo fato de citar fatos altamente desconhecidos sobre o passado das civilizações, além de ter uma escrita interessante.
A Pirâmide Vermelha não é um livro que se possa definir por tipo de formalidade, já é escrito na primeira pessoa por dois personagens diferentes, fato que achei muito interessante, pois, como todo mundo, escolhi o personagem que mais gostei e ficava ansiosa para ler as suas partes.
A Pirâmide Vermelha não é um livro muito grande, constitui-se em 445 páginas de pura aventura e mistérios que não foram descobertos, abrindo um grande espaço de curiosidade para o segundo exemplar, já lançado no Brasil, chama-se O Trono de Fogo.
Admito, comprei o livro quando ele lançou por ser uma grande fã de Percy Jackson, e não me decepcionei, na verdade, gostei mais desta série ( chamada As Crônicas dos Kane), do que da do Percy.
Como na imagem abaixo, a capa é muito interessante, então, mesmo que você nunca tenha lido outras obras do autor, sei que não vai haver decepção por parte dessa obra, pois não existe co-relação entre os dois escritos. A capa é altamente ilustrativa, com cores fortes e várias sequências diferentes de imagem, que, quando se encerra a leitura, é quase inevitável olhar para a capa novamente e buscar partes da história nela. A própria capa conta um livro.

Bem, vamos ao resumo.
O livro é contado por dois personagens, os irmãos de 14 e 12 anos, respectivamente, Carter e Sadie. Mesmo sendo irmãos, ambos não tem semelhança nenhuma, Sadie é loira e Carter, afro-americano, sequer moram na mesma casa, nem mesmo no mesmo país, desde a morte da mãe de ambos, Sadie morava com os avós maternos, e Carter com o pai, um egiptólogo famoso.
As crianças só podiam se encontrar duas vezes por ano, e, em um desses encontros, o pai os leva para visitar um museu em Londres, com a promessa de que tudo voltaria a ser como antes. Mas um acidente fatal no museu interrompe a vida dos pais e liberta uma presença horrível no mundo humano, e logo Carter e Sadie se veem órfãos, sem mais ninguém no mundo, até que um homem que diz ser o tio de ambos, leva-os para os Estados Unidos.
Amós, como se descobre ser o nome dele, conta para as crianças que ambos são magos, feiticeiros da Casa da Vida, uma organização existente desde o Antigo Egito, onde todos aqueles com sangue de faraós lutava contra os deuses egípcios, que, mesmo inacreditavelmente, existiam no mundo real. Eles descobrem que o pai, mesmo sem intenções, libertara os deuses egípcios com o acidente no museu, e Set, o mais poderoso de todos, sonha em destruir o mundo.
Vendo-se obrigados a aprender magia das formas mais rápidas possíveis, ambos embarcam em uma jornada para destruir os planos de Set e restaurar a vida do pai, mas o que eles não sabiam era que muitos segredos ainda existiam, segredos que vão aparecendo de pouco em pouco, e mudando completamente a vida dos dois.

"- Ah, não - falei, sentindo o pânico dominar meu peito. - Não, não, não. Alguém me traga um abridor de latas. Tem um deus na minha cabeça. " - Carter Kane

Carter descobre que está hospedando o antigo deus egípcio Hórus, conhecido também como Deus Falcão, enquanto sua irmã hospeda a Deusa Ísis, deusa da magia. Os dois precisam aprender a controlar os deuses em sua cabeça antes que seja tarde demais, e além de destruir Set, eles precisam aprender a usar o poder dos deuses sem destruir a eles mesmos.

"...- Odeio esse plano - Resmungou Sadie.
- Trate de mantê-la ocupada por mais alguns segundos. - eu disse - E não morra"

Como já disse, gostei muito do livro, como gosto muito de todos os livros de Rick Riordan. Ele tem o dom de descrever o personagem tão bem de modo que você acha que ele realmente existe, e interage com o leitor de modo que você pensa que é um dos personagens do livro. Admito, quando terminei de ler, pensei por muitos dias se eu não seria também uma maga, pois mesmo sendo pura ficção, ele dá uma veracidade tão grande aos seus textos que a leitura torna-se mais impressionante e difícil de esquecer.

"... - Essa é a parte mais difícil, não é?
- Um - contei - Dois, três...
Sadie apareceu em um espaço aberto e gritou o seu feitiço preferido.
- Ha-di!
Os hieróglifos brilharam no alto da cabeça de Sekhmet. E tudo em volta dela explodiu... Foi muito impressionante, mas eu não tinha tempo para admirar o trabalho de Sadie. Transformei-me em um falcão e me atirei na direção dos tanques de salsa"

Além de ficção e aventura, Riordan inseriu no texto uma dose de humor, principalmente pelas passagens de Sadie, admito, minha personagem preferida, romance, cultura, além de outros valores, muito bem descritos e exemplificados.

"Estávamos sozinhos em uma mansão estranha, com um babuíno, um crocodilo e uma gata sinistra. E aparentemente, o mundo todo corria perigo.
Eu olhei para Sadie.
- O que fazemos agora?
Ela cruzou os braços.
- Bom, é evidente, não? Vamos explorar a biblioteca"

Recomendo o livro para qualquer um, a leitura é fácil, agradável e nos traz, de modo gostoso, uma nova bagagem de cultura egípcia que já me foi muito útil em outros aspectos, como debates e trabalhos escolares.

"- Espere! - gritou Carter -Você não pode simplesmente...
- Irmão querido. - comecei - sua alma deixou seu corpo outra vez enquanto Amós estava falando ou você ouviu o que ele disse? Os deuses egípcios são reais. Lorde Vermelho é mau. O aniversário do Lorde Vermelho, muito em breve, muito ruim. A Casa da Vida: velhos magos encrenqueiros que odeiam nossa família porque papai foi meio rebelde, e a propósito, você podia aprender algumas lições com ele. Assim, sobramos apenas nós, com um pai desaparecido, um deus mau prestes a destruir o mundo e um tio que acabou de pular do alto do prédio onde estamos e não posso culpá-lo por isso - Parei para respirar [ Sim Carter, eu preciso respirar de vez em quando] - Esqueci alguma coisa? Ah, sim, também tenho um irmão supostamente poderoso, de uma linhagem de sangue muito antiga, blá-blá-blá, etc. mas que tem muito medo de visitar uma biblioteca. E então, você vem comigo ou não?"

Além de personagens fantásticos, enredo envolvente e linguagem gostosa, o livro conta com muitos outros aspectos que rendem a leitura, tornando-o desejável e muito bom de ler.

" Carter me estudou, cético. 
- Aqueles hieróglifos que você criou eram dourados. Os que papai e Amós criaram eram azuis. Por quê? 
- Talvez cada um tenha sua própria cor. - sugeri. - A sua pode ser pink.
- Engraçadinha.
- Vamos lá, mago pink - chamei - Vamos entrar."

Então é isso leitores, A Pirâmide Vermelha, de Rick Riordan, é o livro de hoje.
E como diz Carter, "Venha para o Brooklyn. Estamos esperando".
Esse eu já li, e aprovei.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Gabriela, Cravo e Canela

    Olá leitores.
    Fiquei uma semana sem postar no blog, sinto muito, mas a culpa não é minha, e sim do Jorge Amado. Isso mesmo, Jorge Amado, o escritor. Há quase dois meses estou envolvida em Gabriela Cravo e Canela, e finalmente, pela glória divina, eu terminei.
    Não que o livro seja gigante, porque na verdade ele não é ( 364 páginas), mas o ritmo é tão lento e os personagens são tão numerosos que eu não conseguia ler mais de um capítulo por dia. Agora vocês perguntam, por que eu, viciada assumida em histórias de suspense, resolvi ler um romance como Gabriela. Também não sei. A única explicação que me cabe é a que, depois de uma conversa com meu avô, resolvi envolver-me mais com grandes literários brasileiros, e remexendo nas estantes de livros velhos do meu pai, encontrei Jorge Amado.
    Quando digo "livro velho" não estou brincando não. Meus pais compraram Gabriela na época de namoro, ou seja, séculos antes de eu nascer, e agora, com 13 anos, quase 14, resolvi pegar esse livro. Sinto vergonha de mim mesma por admitir que quase não leio livros brasileiros, mas ao mesmo tempo fico orgulhosa, porque de uns tempos pra cá, resolvi iniciar essa jornada, e agora já estou com uma boa coletânea de clássicos varonis para ler, como "Fogo Morto", "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Casa branca e senzala", "Dona Flor e seus dois maridos", "Escrava Isaura" enfim, é muita coisa, mas resolvi começar por Gabriela.
     Como sempre, vou começar falando sobre informações básicas do livro: Gabriela não é muito grande, leitores fanáticos pela série " As crônicas de Gelo e Fogo" leram praticamente o triplo de páginas apenas no primeiro livro, mas isso não vem ao caso, pois, comparando dois livros, ambos com uma história simples, mas detalhada demais e com dúzias de personagens, prefiro Gabriela, mesmo que muitos venham a me crucificar.
      Minha versão do livro é antigo, não existe mais para vender, apenas em sebos, mas mesmo assim são difíceis de encontrar. Ele é o livro número 20 da coleção "Mestres da Literatura Contemporânea", que contém outros grandes clássicos, como O nome da Rosa, Sagarana, O Perfume, Morte e vida Severina, Ripley debaixo d'água, entre outras obras que virei à resumir futuramente. Meus pais contam diversas histórias de suas épocas de namoro, em que iam para a papelaria todo domingo comprar um exemplar dessa coleção. Eles chegaram até o número 54, não sei se existe continuação, mas a coleção ocupa uma instante inteira. Algumas pessoas conhecem esses livros como "Livros da capa azul", pois todos tem o mesmo estilo e cor de capa, como se vê na figura abaixo:




     Dadas às explicações necessárias, muitos vão se perguntar "Se você mesma disse que o livro não é tão grande, por que demorou tanto para ler?". Não os julgo. Gabriela é realmente um livro pequeno, mas, como já citei antes, repleto de artimanhas de gramática, detalhes, nomes, descrições de locais, o que, por um lado,  enriquecem o enredo, como, por outro, dão certo cansaço à leitura.
Já disse antes que não conseguia ler mais de um capítulo por dia, isso por que, a história é dividida em diversas outras sub histórias, além do enredo da personagem principal, Gabriela, com Seu Nacib, que é a parte romântica da história, há também outro embate, a história de Mundinho Falcão e Coronel Ramiro Bastos, que não tem praticamente relação nenhuma com o romance.
     Admito que preferi as partes em que Gabriela estava presente, e, mesmo que pareça que não gostei do livro, eu o admirei por demasia, tanto pelo estilo despojado porém elegante do autor, quanto pelo modo como ele nos fez apaixonar por Gabriela, torcer por um final feliz. Em minha opinião, nenhum humano são que leia Gabriela conseguiria odiá-la, como acontecesse com diversos personagens de livros. Até mesmo quando Gabriela comete erros imperdoáveis, vi-me apoiando o lado dela, e foi isso o que achei mais interessante na obra, o modo como Amado conseguiu descrever tão bem uma personagem de modo que criamos laços com ela em nossas mentes.
      Outra coisa muito interessante é o modo como ele escreve as coisas. Como escritora amadora, admito que é muito complicado colocar gírias, erros gramaticais forçados, características fora da gramática em uma obra, tanto que em meu primeiro livro, Pela Eternidade, tentei usar a linguagem mais formal possível. Amado extrapolou esses limites, usou a forte língua baiana, conjugando errado os verbos ( "tou", como se fosse estou), e mesmo assim fica perceptível para qualquer um que leia que ele fez aquilo " por querer". Esse mesmo modo de escrever foi o que atraiu muito o livro, fazendo-nos adentrar naquela Ilhéus, de cacaueiros, bares e praias, em diversos momentos pude até sentir o cheiro da comida de Gabriela, sentir o vento da praia, o som das folhas da pitangueira.



    Vamos ao resumo.
     Gabriela, Cravo e Canela conta a história da paixão envolvente entre Seu Nacib, árabe que imigrou para o Brasil, comerciante e dono de um famoso bar em Ilhéus, e Gabriela, retirante do sertão. A história se inicia com Nacib procurando por uma cozinheira, e por desavença do destino, acaba parando em um porto de retirantes, onde conhece Gabriela, uma jovem completamente suja de pó e barro. Mesmo à contragosto, ele acaba levando a mulher para casa.

" - Como é mesmo seu nome?
- Gabriela, para servir o senhor.
... Gabriela ia uns passos atrás com sua trouxa, já esquecida de Clemente, alegre de sair do amontoado de retirantes, do acampamento imundo. Ia rindo com os olhos e a boca, os pés descalços quase deslizando no chão, uma vontade de cantas as modas sertanejas, só não cantava porque talvez o moço bonito e triste não gostasse"

     Com o tempo, Gabriela começa a se acostumar com a nova casa, faz a graça de toda a cidade, com seu jeito diferente, nada parecido com os das madames de Ilhéus. Todos percebem que Gabriela é uma bela moça encarnada em alma de criança, criança que anda descalça, sobe em árvore, brinca de roda... Gabriela é assim. Mas Nacib se apaixona pela moça, que cozinha para ele, cuida da casa e também faz os petiscos do bar, atraindo uma bela clientela. Gabriela recebe muitas ofertas para trabalhar com outros homens, mas recusa todas, também sentindo algo muito forte por Nacib, até que ele lhe pede em casamento. Mas com o casamento, muitas coisas mudam, Nacib não quer mais vê-la como uma criança, e sim como sua esposa, senhora de família. Gabriela não gosta nada disso, e a relação de ambos começa a baquear, levando ambos à uma traição desesperadora.

" Agora via o corpo moreno de Gabriela, a perna saindo da cama. Mais do que se via, adivinhava-o sob a coberta remendada, mal cobrindo a combinação rasgada, o ventre e os seios. Um seio saltava pela metade, Nacib conseguia enxergar. E aquele perfume de cravo, de tontear (...)
(...) - Coitadinho, não tá cansado?
Dobrava o vestido, colocava os chinelos no chão.
- Me dê, penduro no prego.
Sua mão tocou a mão de Gabriela, ela riu.
- Mão mais fria...
Ele não pôde mais, segurou-lhe o braço, a outra mão procurou o seio crescendo ao luar. Ela o puxou para si.
- Moço bonito...
O perfume de cravo enchia o quarto, um calor vinha do corpo de Gabriela, envolvia Nacib, queimava-lhe a pele, o luar morria na cama. Num sussurro entre beijos, a voz de Gabriela agonizava:
- Moço bonito..."

    Ao mesmo tempo que o romance chama tanto a atenção, existe também outras histórias, como o embate político entre Mundinho Falcão e Ramiro Bastos, ambos querendo governar Ilhéus, o romance da jovem Malvina com um engenheiro, prometendo fugir com ele para o Rio de Janeiro e causando ciúmes em sua verdadeira paixão, o Professor Josué... essas e muitas outras histórias que se entrelaçam na trama do autor.

" - Cachorra!
Ela sorriu com os lábios de beijo e dentada, sorriu com os seios erguidos, palpitantes, com as coxas de labareda, com o ventre de dança e de espera, murmurou:
- Importa não.
Encostou a cabeça em seu peito peludo.
- Moço bonito..."

     Gabriela é uma leitura linda, um romance indescritível, cansativo, eu admito, mas quando cheguei no fim, não pude deixar de sorrir pelo modo como a história transcorreu. É um livro profundo, como diria meu pai "Uma colher afundando em um balde de melado".
     Muitos perguntam por que comecei a ler, em parte pela conversa com meu avô, em parte pela minissérie exibida pela Rede Globo, Gabriela, a qual não se parece muito com o livro, mas dá uma boa ideia dos personagens, muito bem caracterizados.
     Digo logo, não é um livro fácil de ler, e tenho plena noção de que poucos conseguem lê-lo e compreendê-lo,   tanto que, mesmo com todos esses anos de intensa leitura, tive dificuldade em alguns trechos. Não recomendo para todos os tipos de leitores, mas só lendo para se saber.
Então é isso leitores, Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado, mestre literário brasileiro.

   Esse eu já li, e aprovei.


                                                       





domingo, 14 de abril de 2013

A Maldição do Tigre

Olá, leitores.
Desculpem pela semana em branco, em que fiquei sem postar nada, o real motivo é que estou absolutamente sem tempo algum, e além disso, permaneço parada no mesmo livro há dois meses, Gabriela Cravo e Canela. Nunca demorei tanto para terminar um livro.
De qualquer modo, aqui estou, e hoje vou falar de um livro que já possui saga e continuação, portanto escreverei sobre essa série individualmente. O nome da obra é a Maldição do Tigre, de Colleen Houck.
Quando comprei esse livro, ninguém fazia a menor ideia da existência dele, até mesmo eu fiquei um pouco indecisa no momento da compra, pois título é algo que chama muito a minha atenção, e acredito que a de todos também, e vamos combinar que este título, além de não ser muito original, não convence  um leitor frequente de que a obra seria realmente interessante. Um leitor promíscuo não o compraria pelo título, mas de qualquer modo, por desavença do destino, eu o comprei.
Encontrei A Maldição do Tigre no sebo de troca e compra de livros usados e novos aqui de minha cidade, e cercada de "Shakespeares", "Agatha Christies" e "Arthur Conan Doyles", algo me levou até a prateleira e encontrei esse livro, escondido, empoeirado, fiquei até com pena. Perguntei ao vendedor se o livro era bom, e ele alegou não saber, pois ninguém comprara o livro ainda. Li a orelha e a sinopse, e como o preço era bastante baixo, comprei a obra.
Na primeira vez que li o livro, achei-o interessante, mesmo sendo constituído de um triângulo amoroso piegas, a escritora soube trabalhar bem no enredo,deixando laços soltos o suficiente para a continuação da história. Além de ter arquivado um pouco mais de cultura e língua indiana, o livro traz um vasto conhecimento sobre mitologia hindu, o que achei realmente interessante. Depois de um ano, reli o livro, e como acontece muitas vezes comigo, gostei do livro mais do que da primeira vez, resolvendo assim, continuar com a saga, que por enquanto possui três livros traduzidos para o português, mais dois, ainda em inglês.
A Maldição do Tigre é um livro de leitura rápida e divertida, não intensamente profunda, como Lya Luft ( meu ponto de base para qualquer referência literária), mas uma leitura breve e interessante, que nos faz viajar pelo cenário indiano e detalhista da escritora. Aliás, foi isso que mais me chamou a atenção, o modo como a autora apresenta os detalhes, muito bem descritos. A obra possui 344 páginas, mais um bônus adicional no primeiro capítulo do segundo livro, o qual, na época em que comprei o primeiro, ainda nem tinha sido lançado, mas agora já existe no Brasil.
A capa, mesmo não sendo muito interessante ao meu ver, tem uma mescla bonita de cores e arquitetura indiana, além do chamativo tigre de bengala na frente, que foi o que realmente chamou a atenção, não o título, cujas letras são quase ilegíveis.


Vamos ao resumo.
A Maldição do Tigre conta a história de uma jovem de 19 anos, Kelsey Hayes. Kelsey vive com os pais adotivos, já que seus próprios pais morreram em um acidente de carro. Kelsey, com as dificuldades de cursear uma boa faculdade, inicia um emprego temporário em um circo, e sua função lá dentro é cuidar dos cães e alimentar o tigre branco, astro principal do cenário circense.
Morando no circo por um tempo, Kelsey começa a se apaixonar pelo gigante tigre branco, Dhiren, que ela chama de Ren, e que, por incrível que o pareça, demonstra afeição pela garota. Tudo corre bem na vida da garota, até que certo dia um homem misterioso aporta no circo, com o objetivo de comprar Ren. Kelsey entra em desespero, ciente de que não pode abandonar seu tigre branco, até que o comprador, chamado Sr Kadam, resolve levar Kelsey consigo para a Índia, onde ela poderia ficar com seu tigre por mais um tempo.
Kelsey embarca com Ren e Sr Kadam para a Índia, onde começa uma afeição paternal pelo velho, que mostra uma admiração enorme por Kelsey e a trata como filha.
Mas as coisas começam a dar errado no momento em que Kelsey pisa em solo indiano, misteriosamente, Sr Kadam some, e deixa Kelsey sozinha com o tigre, no meio da floresta. Certo dia, quando ela e o tigre encontram uma casa de madeira no meio do mato, Ren transforma-se em homem, deixando Kelsey apavorada.
" Virando-me lentamente, deparei-me com um rapaz bonito de pé bem à minha frente. Parecia jovem, 20 e poucos anos. Era uns 30 centímetros mais alto do que eu e tinha um corpo forte e esbelto, vestido em roupas largas de algodão branco. Sua camisa de mangas compridas estava para fora da calça parcialmente desabotoada, deixando ver um tórax liso, largo e de um tom de bronze dourado. A calça leve estava enrolada na altura do tornozelo, realçando os pés descalços. Os cabelos, negros e lustrosos, estavam penteados para trás e se encaracolavam levemente na nuca.
Seus olhos eram o que mais me chamava a atenção,aqueles eram os mesmos olhos do meu tigre, o mesmo tom de cobalto profundo.
Estendendo a mão, ele falou:
- Oi,Kelsey. Sou eu, Ren."
Ele diz que é um príncipe indiano, que recebeu uma maldição há milhares de anos de um feiticeiro maligno, Lokesh, desde então, Ren vive em corpo de tigre, e só pode virar homem durante 24 minutos à cada dia. Kelsey, completamente apavorada, resolve seguir o homem/tigre até o local onde o Sr Kadam está, e lá ele conta a Kelsey o resto da história, dizendo também que a garota foi a escolhida dos deuses para libertar Ren e seu irmão, Kishan, perdido na floresta, da maldição que transforma os dois em tigres.
Ren e Kelsey embarcam em uma jornada em um país desconhecido, com o objetivo de encontrar um objeto sagrado, que os ajudará à quebrar a maldição. No meio da jornada, os sentimentos falam mais alto e Ren e Kelsey acabam sofrendo uma intensa paixão, que acaba de modo triste e melancólico.

" - Deixe-me explicar dessa forma: assim, um homem faminto comeria feliz um rabanete, certo? Na verdade, um rabanete seria um banquete, se fosse tudo o que ele tivesse. Mas, se houvesse um banquete de verdade na frente dele, o rabanete jamais seria escolhido."
Ren permaneceu calado por um momento.
- O que está querendo dizer?
- Estou dizendo, que eu sou o rabanete.
- E eu sou o quê? O banquete?
- Não, você é o homem. Só que... eu não quero ser o rabanete. Quem quer? Mas sou realista o bastante pra saber o que eu sou, e eu não sou o banquete. Quer dizer, você poderia estar comendo bombas de chocolate, pelo amor de Deus.
- Mas não rabanete.
- Não.
- Mas e se... eu gostar de rabanete?
- Você não gosta. Só não conhece nada melhor. Eu lamento ter sido tão rude com você. Normalmente não sou assim. Não sei de onde vem todo esse sarcasmo."

Será possível a permanência desse amor? E tudo fica mais complicado ainda quando Kishan, o irmão de Ren, é encontrado e começa a seduzir Kelsey, formando um triângulo amoroso.

"Dei um tapinha amigável em seu joelho e joguei o trunfo.
- Estou indo embora.
- Você o quê?
- Estou voltando para casa, no Oregon. O Sr Kadam acha que vai ser mais seguro para mim, com Lokesh a solta por aí, tentando nos matar e tudo o mais. Além disso, você precisa de um tempo para esclarecer as coisas.
- Se você vai, então eu vou com você.
Sorri-lhe com ironia.
- Isso anula o propósito da minha ida. Você não acha?"

A Maldição do Tigre é um livro interessante, esta é minha real opinião sobre ele. Mesmo sendo envolvente, não o considerei emocionante, e notei momentos em que a escritora colocou fatos que pareciam estar falando com o leitor, invés de ocorrer a atuação entre os personagens, o que não achei muito agradável. De qualquer forma, é uma boa obra, de leitura fácil e agradável, detalhista e correta, onde há um triângulo amoroso bastante água com açúcar e algumas tiradas sarcásticas geniais, o que considerei o ponto alto do livro, além da forte inserção na cultura indiana.
A Maldição do Tigre é um livro recomendável para aqueles que gostam de um romance fictício, onde todas as linhas de todos os parágrafos são exclusivamente voltados para o romance.

"Eu não conseguia respirar. Fui para o banheiro e abri o chuveiro para abafar qualquer ruído. Fechei a porta, o que aprisionou todo o vapor ali dentro, e solucei. Espasmos de agonia sacudiam meu corpo. Meus olhos, meu nariz e boca, todos jorraram simultaneamente quando me permiti sentir o desespero vazio da perda.
Escorreguei para o chão e deslizei mais até estar esparramada com o rosto encostado no mármore frio. Deixei as emoções dominarem até me sentir completamente esgotada. Meus braços e pernas pareciam sem vida e insensíveis, os cabelos encresparam e grudaram-se ás lágrimas do rosto"

A única coisa que realmente me desagradou foi o fato de não existir um personagem ( ou casal), fora do enredo amoroso. Em todos os livros, filmes e novelas, existe uma segunda opção para todos aqueles que não gostam do protagonista, como o casal Holiday e Burnett, nos livros de C.C Hunter, ou até mesmo Helô e Stênio, na novela Salve Jorge. Esses casais são uma segunda opção, para quem não gosta dos principais, e isso é absolutamente inexistente nessa obra. Mesmo não tendo desaprovado o triângulo, sempre existem aqueles que não gostam, e é sempre bom existir uma segunda opção.
Mesmo minhas críticas estarem parecendo tremendamente negativas, eu gostei do livro, o reli, e continuei acompanhando a saga, o que prova que ele é bom, mas de um modo diferente.
É isso, leitores.
Este eu já li, e mesmo que pareça o contrário, aprovei.
Mariana

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Questões do Coração

     Olá, leitores.
     Desculpem pela demora por uma nova postagem, o verdadeiro problema foi o acaso da Páscoa coincidir com o dia no qual escrevo as postagens ( domingo), portanto não tive tempo para fazê-la.
     Hoje irei resenhar sobre um livro que li há alguns meses já, mas que sempre que posso, releio, de tão gostoso que achei. O nome da tão aclamada obra é Questões do Coração, de Emily Giffin.
     Quando comprei o livro, na Livraria da Jaqueira, Recife, sabia que seria um livro sem surpresas, pois já havia lido a respeito da escritora e estava à par de seus romances. Os livros de Emily sempre retratam um específico assunto, nesse caso, a traição, mas, diferente do que se parece quando olhamos a capa, não é nada de autoajuda, estilo literário que eu não aprecio.
   Não sei exatamente o que me fez comprar Questões do Coração, já que pelo título eu não leria o livro, e também nunca fui muito fã de obras que contenham " lições de moral" na capa, mas por alguma desavença do destino, esse livro de excelentes 438 páginas caiu em minhas mãos, e assim que abri a primeira página, não parei mais até chegar no fim.
   Mesmo tendo comprado o livro há alguns meses, não li mais nenhuma obra dela, talvez por que minha lista já está grande demais, ou talvez seja porque não creio que os outros livros dela sejam tão bons quanto esse. Para mim, livros marcam uma época da sua vida, e esse livro marcou minha fase romântica dos doze anos, onde eu só lia Nicholas Sparks, um atrás do outro. No momento, estou na minha fase de ficção, mas isso deixo para outro resumo.
   Na verdade, não sei exatamente o que escrever para esse resumo, já que o enredo é composto por duas séries diferentes de personagens, no qual a história se entrelaça como ramos de uma árvore por meios do destino. Questões do Coração é realmente um livro interessante, e mesmo que pareça grande, a história escorre como um filme, de tão agradável é a escrita da autora. Não diria que Questões do Coração entraria para a lista de Melhores Livros da Minha Vida, até porque meu gosto é bastante incomum, diferente das meninas de minha idade, amo romance policial e histórias de assassinato, e sou fissurada por escritores de mistério, mas mesmo assim gostei muito dessa obra, que só pode ser caracterizada como romance meloso ( defino como "romance meloso" livros de romance bons, não livros chatinhos do gênero, aos quais chamo de "romance água com açúcar").
   Bem, vamos ao resumo.

   Questões do Coração conta a história de duas mulheres bem diferenciadas, Tessa Russo e Valerie Anderson. Tessa é uma esposa feliz, que tem dois filhos e uma tediosa porém habitual rotina de mãe/dona de casa, da classe alta americana. Em seu oposto, Valerie é uma mãe solteira, que cria seu pequeno filho Charlie com o irmão homossexual, abandonada pelo pai da criança.
   O destino dessas duas mulheres tão diversificadas é entrelaçado quando Charlie, o filho de Valerie, sofre um acidente e tem metade do rosto queimado. O tratamento de Charlie é feito pelo doutor Nick Russo, no caso, marido de Tessa.
   A história do livro, em si, é bem pequena, mas Emily conseguiu criar uma teia de ideias onde relatos simples e ocasionais do dia a dia tornam-se coisas interessantes e agradáveis de ler.
A história começa a ficar realmente interessante quando Valerie começa a se apaixonar pelo médico de seu filho, marido de Tessa e pai de dois filhos, sendo que as duas mulheres, protagonistas no livro, apenas chegam a se conhecer no final da história.

"O tempo cura todas as feridas. Ela sabia disso melhor que a maioria das pessoas, mas, mesmo assim, ainda se surpreendia com isso, com o fato de que a simples passagem dos dias podia agir como uma mágica gradual. Ela ainda não o tinha esquecido, mas já não sentia mais sua falta de maneira tão aguda e dolorosa. Além disso, conformou-se com o que aconteceu entre eles, mesmo sem entender exatamente tudo aquilo. Ela pensou no que disse à esposa de Nick, que ele nunca a amara, e se perguntou se era verdade, como se parte de si ainda se agarrasse à crença de que tiveram algo verdadeiro juntos..."

   Como já disse antes, o modo como os escritores utilizam os tempos verbais chama muito meu interesse, e o que me despertou uma imensa curiosidade no livro foi o fato de Giffin conseguir escrever em dois períodos diferentes, com Tessa na primeira pessoa ( eu), e com Valerie na terceira ( ela), e mesmo assim deixou a história inteligível e fácil de ler.

"- Ah, que ótimo - Ele disse com um sarcasmo grave - É ótimo mesmo, agora estou sendo vigiado, seguido, como se fosse culpado por algum crime.
- E você é? - gritei - culpado?
- Eu não sei. Por que não pergunta ao seu grupinho de amigas? Por que não faz uma pesquisa com todas as donas de casa de Wellesley?
Estudei seu rosto, carregando uma expressão que eu só podia descrever como sendo de culpa"

   Como se pode perceber pelas passagens, o livro trata de um tema comum porém polêmico, a traição, e a autora soube ver exatamente a passagem dos três envolvidos, a amante, o traidor e a traída. E, mesmo que termine de uma forma ainda mais polêmica, eu gostei do livro e o recomendo para as pessoas que pedem por um bom e agradável romance.
   Enfim, leitores, Questões do Coração, um dos primeiros livros de Emily Giffin, é meu resumo da semana.

Esse eu já li, e aprovei.


sábado, 23 de março de 2013

Delírio

Olá, leitores.
Hoje vou falar de um livro que me emocionou profundamente, uma daquelas leituras que você se senta na cadeira, ajeita as pernas e nem vê o tempo passar. Foi mais ou menos o que aconteceu comigo ao ler Delírio.
Em uma das minhas compras de livros, "Levas", como eu chamo, pois minhas "comprinhas" consistem em vinte ou trinta livros, deparei-me com  Delírio. Imediatamente me interessei pela capa metálica,diferente das de outros livros, me atraiu completamente. Procurei pela resenha e vi que também era muito interessante, logo despertando minha vontade de ler esta obra.
É minha primeira leitura da escritora Lauren Oliver, e gostei tanto do livro que indiquei-o a minha mãe e ela também amou.



Delírio conta a história de uma jovem chamada Lena, e a narração inteira é passada na primeira pessoa, como vocês já sabem, algo que me chama muito a atenção. Lena vive no futuro, nos Estados Unidos, mas há algo diferente lá. Há muitos anos ( usando o presente da história) o amor foi considerado uma doença, chamada amor deliria nervosa, e a cura foi descoberta. Quando os residentes deste local completam uma determinada idade, passam por uma Intervenção, onde um pedaço de seus cérebros é cortado e eles ficam, assim, imunes ao amor.
Lena, que teve sua mãe roubada pelo amor, o que a fez ser presa, já que amar é proibido, fica ansiosa para receber logo sua Intervenção e ser como todos os outros, não sofrer pelo deliria, como sua mãe sofreu. O que Lena não contava era que, antes de receber sua Intervenção, ela iria se apaixonar por um garoto, Alex, que diz-se imune ao amor, mas que logo depois, Lena descobre,  veio da Selva, um local além das fronteiras, onde pessoas infectadas pelo Deliria vivem.
De passo em passo, Lena vai mudando sua opinião sobre o amor, mas à medida que o dia da Intervenção chega, ela começa a ficar mais e mais apavorada, devastada por seu amor com Alex, o fugitivo. Além de tudo, Lena preocupa-se com sua melhor amiga, Hana, que está, assim como ela, contestando o regime opressivo de seu país, e juntos eles sofrerão perseguições da polícia, induzida a matar qualquer um que pareça suspeito de deliria.
Uma bela história sobre amor, amizade e sofrimento, que, mesmo não tendo me feito chorar, sendo assim considerado como Romance, não Drama ( para mim há uma imensa diferença),  trouxe minutos de reflexão, em que você se põe a pensar em um outro Universo, onde o amor é considerado doença.

            "Achavam que amar era algo sublime. Isso foi antes de encontrarem a cura"

Delírio é realmente um livro de reflexão, mas como eu disse antes, de uma leitura fácil e gostosa, que te faz entrar completamente na personagem e viajar naquele mundo. Indicado para qualquer faixa etária ( entre minha mãe e eu), é uma obra de profundo pensamento, ficção e um delicioso romance nada clichê ( como triângulo amoroso, inexistente nessa obra), em que você consegue realmente sentir na pele as aflições de Lena.

"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada no amor ficaria feliz e em segurança. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo do que a viver cem anos reprimida por uma mentira"

O que eu mais achei interessante no livro de Lauren Oliver foi a veracidade que ela dá aos fatos, tornando mesmo uma ficção absurda em algo completamente racional. Lena não é o tipo de garota que, do nada, consegue virar a líder de um movimento englobando milhares de pessoas, e por fim, destruirá o inimigo repressor, como a Katniss, da saga Jogos Vorazes. Oliver conseguiu atrair uma verossimilhança fantástica, mesmo o livro não tendo muita relação com a realidade.

"... Desejo é o inimigo do contentamento, desejo é doença, um cérebro febril. Quem pode se considerar saudável desejando? A própria palavra querer sugere uma falta, um empobrecimento, e é isso que o desejo é: um empobrecimento do cérebro, um defeito, um erro. Felizmente, agora isso pode ser corrigido"

Recomendo Delírio para qualquer um, iniciante ou veterano no "ramo" da leitura, e Esse eu já li, e aprovei.

domingo, 17 de março de 2013

O tigre na sombra

Olá, leitores.
Como primeira postagem nesse blog de leitura, que, admito, é algo que eu queria fazer há muito tempo mas não tinha nem paciência nem conhecimento de como se fazer um blog, vou falar de um livro que acabei de terminar.
Ontem fomos buscar minha mãe no aeroporto e ( como sempre), eu entrei na livraria. Depois de fotografar alguns títulos interessantes, ler algumas resenhas e dar dicas para os pobres viajantes que não sabiam o que comprar, me deparei com um livro simples, pequenininho, que eu já queria ter comprado há algum tempo, mas que sempre coloquei por último nas minhas listas de compra ( preciso de prioridades, né.).
O dito cujo se chama O tigre na sombra, a mais atual obra de nossa mais popular colunista da Veja, Lya Luft. Desde pequenininha ( quando ela começou a escrever na revista, em 2004), sou fã das crônicas de Luft. Muita gente diz que os livros e relatos dela parece que são escritos para nós, mas, mesmo lendo a Veja, nunca tinha percebido como isto era verdade até ler O tigre na sombra.
Foi o primeiro livro que li da Lya, e admito que fiquei surpresa. Gente, esta mulher é incrível, ela me fez chorar mais do que qualquer escritor, por que sim, O tigre na sombra é um livro depressivo.
Eu fui na Jaqueira há alguns meses com a minha vó Eunice, e ela me deixou comprar um livro, e eu fiquei entre este e mais dois títulos, e acabei comprando o outro.
Eu recomendo mesmo esse livro para quem gosta de um romance, uma leitura real, que te faz pensar na vida, no amor, no futuro... Porque eu fiquei pensando. A Lya tem definitivamente esse dom de fazer você pensar.
Como dá para ver na imagem abaixo, a capa do livro é bem simples, sem nenhuma imagem, e a história é curta, fácil de ler, com apenas 127 páginas, mas eu posso afirmar com certeza que foi um dos melhores livros que já li até hoje, e eu já li muitos livros.
Bom, então vamos para o resumo.
O livro conta a história de uma menina chamada Dolores, mas que todos chamam de Dôda, e ele é todo escrito na primeira pessoa, o que foi ótimo, porque fez com que eu me infiltrasse, me caracterizasse melhor com a personagem. Dôda vive com seu pai, sua irmã, Dália, e com a mãe, mas a mãe não a ama, e dá tudo de bom e de melhor para Dália. O motivo da mãe dela não a amar, é porque Dôda tem uma perna mais curta que a outra.
O livro conta principalmente a infância de Dôda, a menina maluquinha que diz criar um tigre de olhos azuis no quintal, que olha para o espelho e vê outra menina, e faz amizade com esta garota. Dôda narra a infância dela pelos olhos de criança, uma criança que escuta vozes, que tem amigos imaginários, e que sempre é passada por trás pela irmã.

"Quando estavam de bom humor, os deuses abriram as mãos e despejaram sobre a terra os oceanos com seus segredos, os campos onde corre o vento, as árvores com mil vozes, as manadas, as revoadas - e para atrapalhar tudo, as pessoas. Mas onde está todo mundo? Buscando se anestesiar ou obter respostas, atrelados às mesmas incansáveis perguntas, como, quando, quanto, por quê, por que eu?..."

Depois da infância de Dôda o livro avança pelo seu futuro, mostrando os problemas dela para ser amada, por conta de sua deficiência, a superioridade que todos davam à sua irmã, seus problemas com a mãe, que a rejeitava por ser aleijada. É um livro que retrata muito o tema da morte, da desilusão, dos amores imaginários, e dessa loucura que todos têm na infância, de amigos imaginários, sereias, tigres de olhos azuis.
O livro, no início, é confuso, mas depois vira uma leitura deliciosa, com muitas coisas que nos fazem refletir, e pensar que realmente esta mulher escreve para cada um de nós.

"Eu, a menina de perna curta, falava com a menina do espelho e criava um filhote de tigre no fundo do quintal. Quando lançaram minha sorte os deuses estavam sombrios. E assim começa esta complicada história".

Então é isso leitores, espero que gostem.
Esse eu já li, e aprovei.