segunda-feira, 22 de abril de 2013

Gabriela, Cravo e Canela

    Olá leitores.
    Fiquei uma semana sem postar no blog, sinto muito, mas a culpa não é minha, e sim do Jorge Amado. Isso mesmo, Jorge Amado, o escritor. Há quase dois meses estou envolvida em Gabriela Cravo e Canela, e finalmente, pela glória divina, eu terminei.
    Não que o livro seja gigante, porque na verdade ele não é ( 364 páginas), mas o ritmo é tão lento e os personagens são tão numerosos que eu não conseguia ler mais de um capítulo por dia. Agora vocês perguntam, por que eu, viciada assumida em histórias de suspense, resolvi ler um romance como Gabriela. Também não sei. A única explicação que me cabe é a que, depois de uma conversa com meu avô, resolvi envolver-me mais com grandes literários brasileiros, e remexendo nas estantes de livros velhos do meu pai, encontrei Jorge Amado.
    Quando digo "livro velho" não estou brincando não. Meus pais compraram Gabriela na época de namoro, ou seja, séculos antes de eu nascer, e agora, com 13 anos, quase 14, resolvi pegar esse livro. Sinto vergonha de mim mesma por admitir que quase não leio livros brasileiros, mas ao mesmo tempo fico orgulhosa, porque de uns tempos pra cá, resolvi iniciar essa jornada, e agora já estou com uma boa coletânea de clássicos varonis para ler, como "Fogo Morto", "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Casa branca e senzala", "Dona Flor e seus dois maridos", "Escrava Isaura" enfim, é muita coisa, mas resolvi começar por Gabriela.
     Como sempre, vou começar falando sobre informações básicas do livro: Gabriela não é muito grande, leitores fanáticos pela série " As crônicas de Gelo e Fogo" leram praticamente o triplo de páginas apenas no primeiro livro, mas isso não vem ao caso, pois, comparando dois livros, ambos com uma história simples, mas detalhada demais e com dúzias de personagens, prefiro Gabriela, mesmo que muitos venham a me crucificar.
      Minha versão do livro é antigo, não existe mais para vender, apenas em sebos, mas mesmo assim são difíceis de encontrar. Ele é o livro número 20 da coleção "Mestres da Literatura Contemporânea", que contém outros grandes clássicos, como O nome da Rosa, Sagarana, O Perfume, Morte e vida Severina, Ripley debaixo d'água, entre outras obras que virei à resumir futuramente. Meus pais contam diversas histórias de suas épocas de namoro, em que iam para a papelaria todo domingo comprar um exemplar dessa coleção. Eles chegaram até o número 54, não sei se existe continuação, mas a coleção ocupa uma instante inteira. Algumas pessoas conhecem esses livros como "Livros da capa azul", pois todos tem o mesmo estilo e cor de capa, como se vê na figura abaixo:




     Dadas às explicações necessárias, muitos vão se perguntar "Se você mesma disse que o livro não é tão grande, por que demorou tanto para ler?". Não os julgo. Gabriela é realmente um livro pequeno, mas, como já citei antes, repleto de artimanhas de gramática, detalhes, nomes, descrições de locais, o que, por um lado,  enriquecem o enredo, como, por outro, dão certo cansaço à leitura.
Já disse antes que não conseguia ler mais de um capítulo por dia, isso por que, a história é dividida em diversas outras sub histórias, além do enredo da personagem principal, Gabriela, com Seu Nacib, que é a parte romântica da história, há também outro embate, a história de Mundinho Falcão e Coronel Ramiro Bastos, que não tem praticamente relação nenhuma com o romance.
     Admito que preferi as partes em que Gabriela estava presente, e, mesmo que pareça que não gostei do livro, eu o admirei por demasia, tanto pelo estilo despojado porém elegante do autor, quanto pelo modo como ele nos fez apaixonar por Gabriela, torcer por um final feliz. Em minha opinião, nenhum humano são que leia Gabriela conseguiria odiá-la, como acontecesse com diversos personagens de livros. Até mesmo quando Gabriela comete erros imperdoáveis, vi-me apoiando o lado dela, e foi isso o que achei mais interessante na obra, o modo como Amado conseguiu descrever tão bem uma personagem de modo que criamos laços com ela em nossas mentes.
      Outra coisa muito interessante é o modo como ele escreve as coisas. Como escritora amadora, admito que é muito complicado colocar gírias, erros gramaticais forçados, características fora da gramática em uma obra, tanto que em meu primeiro livro, Pela Eternidade, tentei usar a linguagem mais formal possível. Amado extrapolou esses limites, usou a forte língua baiana, conjugando errado os verbos ( "tou", como se fosse estou), e mesmo assim fica perceptível para qualquer um que leia que ele fez aquilo " por querer". Esse mesmo modo de escrever foi o que atraiu muito o livro, fazendo-nos adentrar naquela Ilhéus, de cacaueiros, bares e praias, em diversos momentos pude até sentir o cheiro da comida de Gabriela, sentir o vento da praia, o som das folhas da pitangueira.



    Vamos ao resumo.
     Gabriela, Cravo e Canela conta a história da paixão envolvente entre Seu Nacib, árabe que imigrou para o Brasil, comerciante e dono de um famoso bar em Ilhéus, e Gabriela, retirante do sertão. A história se inicia com Nacib procurando por uma cozinheira, e por desavença do destino, acaba parando em um porto de retirantes, onde conhece Gabriela, uma jovem completamente suja de pó e barro. Mesmo à contragosto, ele acaba levando a mulher para casa.

" - Como é mesmo seu nome?
- Gabriela, para servir o senhor.
... Gabriela ia uns passos atrás com sua trouxa, já esquecida de Clemente, alegre de sair do amontoado de retirantes, do acampamento imundo. Ia rindo com os olhos e a boca, os pés descalços quase deslizando no chão, uma vontade de cantas as modas sertanejas, só não cantava porque talvez o moço bonito e triste não gostasse"

     Com o tempo, Gabriela começa a se acostumar com a nova casa, faz a graça de toda a cidade, com seu jeito diferente, nada parecido com os das madames de Ilhéus. Todos percebem que Gabriela é uma bela moça encarnada em alma de criança, criança que anda descalça, sobe em árvore, brinca de roda... Gabriela é assim. Mas Nacib se apaixona pela moça, que cozinha para ele, cuida da casa e também faz os petiscos do bar, atraindo uma bela clientela. Gabriela recebe muitas ofertas para trabalhar com outros homens, mas recusa todas, também sentindo algo muito forte por Nacib, até que ele lhe pede em casamento. Mas com o casamento, muitas coisas mudam, Nacib não quer mais vê-la como uma criança, e sim como sua esposa, senhora de família. Gabriela não gosta nada disso, e a relação de ambos começa a baquear, levando ambos à uma traição desesperadora.

" Agora via o corpo moreno de Gabriela, a perna saindo da cama. Mais do que se via, adivinhava-o sob a coberta remendada, mal cobrindo a combinação rasgada, o ventre e os seios. Um seio saltava pela metade, Nacib conseguia enxergar. E aquele perfume de cravo, de tontear (...)
(...) - Coitadinho, não tá cansado?
Dobrava o vestido, colocava os chinelos no chão.
- Me dê, penduro no prego.
Sua mão tocou a mão de Gabriela, ela riu.
- Mão mais fria...
Ele não pôde mais, segurou-lhe o braço, a outra mão procurou o seio crescendo ao luar. Ela o puxou para si.
- Moço bonito...
O perfume de cravo enchia o quarto, um calor vinha do corpo de Gabriela, envolvia Nacib, queimava-lhe a pele, o luar morria na cama. Num sussurro entre beijos, a voz de Gabriela agonizava:
- Moço bonito..."

    Ao mesmo tempo que o romance chama tanto a atenção, existe também outras histórias, como o embate político entre Mundinho Falcão e Ramiro Bastos, ambos querendo governar Ilhéus, o romance da jovem Malvina com um engenheiro, prometendo fugir com ele para o Rio de Janeiro e causando ciúmes em sua verdadeira paixão, o Professor Josué... essas e muitas outras histórias que se entrelaçam na trama do autor.

" - Cachorra!
Ela sorriu com os lábios de beijo e dentada, sorriu com os seios erguidos, palpitantes, com as coxas de labareda, com o ventre de dança e de espera, murmurou:
- Importa não.
Encostou a cabeça em seu peito peludo.
- Moço bonito..."

     Gabriela é uma leitura linda, um romance indescritível, cansativo, eu admito, mas quando cheguei no fim, não pude deixar de sorrir pelo modo como a história transcorreu. É um livro profundo, como diria meu pai "Uma colher afundando em um balde de melado".
     Muitos perguntam por que comecei a ler, em parte pela conversa com meu avô, em parte pela minissérie exibida pela Rede Globo, Gabriela, a qual não se parece muito com o livro, mas dá uma boa ideia dos personagens, muito bem caracterizados.
     Digo logo, não é um livro fácil de ler, e tenho plena noção de que poucos conseguem lê-lo e compreendê-lo,   tanto que, mesmo com todos esses anos de intensa leitura, tive dificuldade em alguns trechos. Não recomendo para todos os tipos de leitores, mas só lendo para se saber.
Então é isso leitores, Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado, mestre literário brasileiro.

   Esse eu já li, e aprovei.


                                                       





domingo, 14 de abril de 2013

A Maldição do Tigre

Olá, leitores.
Desculpem pela semana em branco, em que fiquei sem postar nada, o real motivo é que estou absolutamente sem tempo algum, e além disso, permaneço parada no mesmo livro há dois meses, Gabriela Cravo e Canela. Nunca demorei tanto para terminar um livro.
De qualquer modo, aqui estou, e hoje vou falar de um livro que já possui saga e continuação, portanto escreverei sobre essa série individualmente. O nome da obra é a Maldição do Tigre, de Colleen Houck.
Quando comprei esse livro, ninguém fazia a menor ideia da existência dele, até mesmo eu fiquei um pouco indecisa no momento da compra, pois título é algo que chama muito a minha atenção, e acredito que a de todos também, e vamos combinar que este título, além de não ser muito original, não convence  um leitor frequente de que a obra seria realmente interessante. Um leitor promíscuo não o compraria pelo título, mas de qualquer modo, por desavença do destino, eu o comprei.
Encontrei A Maldição do Tigre no sebo de troca e compra de livros usados e novos aqui de minha cidade, e cercada de "Shakespeares", "Agatha Christies" e "Arthur Conan Doyles", algo me levou até a prateleira e encontrei esse livro, escondido, empoeirado, fiquei até com pena. Perguntei ao vendedor se o livro era bom, e ele alegou não saber, pois ninguém comprara o livro ainda. Li a orelha e a sinopse, e como o preço era bastante baixo, comprei a obra.
Na primeira vez que li o livro, achei-o interessante, mesmo sendo constituído de um triângulo amoroso piegas, a escritora soube trabalhar bem no enredo,deixando laços soltos o suficiente para a continuação da história. Além de ter arquivado um pouco mais de cultura e língua indiana, o livro traz um vasto conhecimento sobre mitologia hindu, o que achei realmente interessante. Depois de um ano, reli o livro, e como acontece muitas vezes comigo, gostei do livro mais do que da primeira vez, resolvendo assim, continuar com a saga, que por enquanto possui três livros traduzidos para o português, mais dois, ainda em inglês.
A Maldição do Tigre é um livro de leitura rápida e divertida, não intensamente profunda, como Lya Luft ( meu ponto de base para qualquer referência literária), mas uma leitura breve e interessante, que nos faz viajar pelo cenário indiano e detalhista da escritora. Aliás, foi isso que mais me chamou a atenção, o modo como a autora apresenta os detalhes, muito bem descritos. A obra possui 344 páginas, mais um bônus adicional no primeiro capítulo do segundo livro, o qual, na época em que comprei o primeiro, ainda nem tinha sido lançado, mas agora já existe no Brasil.
A capa, mesmo não sendo muito interessante ao meu ver, tem uma mescla bonita de cores e arquitetura indiana, além do chamativo tigre de bengala na frente, que foi o que realmente chamou a atenção, não o título, cujas letras são quase ilegíveis.


Vamos ao resumo.
A Maldição do Tigre conta a história de uma jovem de 19 anos, Kelsey Hayes. Kelsey vive com os pais adotivos, já que seus próprios pais morreram em um acidente de carro. Kelsey, com as dificuldades de cursear uma boa faculdade, inicia um emprego temporário em um circo, e sua função lá dentro é cuidar dos cães e alimentar o tigre branco, astro principal do cenário circense.
Morando no circo por um tempo, Kelsey começa a se apaixonar pelo gigante tigre branco, Dhiren, que ela chama de Ren, e que, por incrível que o pareça, demonstra afeição pela garota. Tudo corre bem na vida da garota, até que certo dia um homem misterioso aporta no circo, com o objetivo de comprar Ren. Kelsey entra em desespero, ciente de que não pode abandonar seu tigre branco, até que o comprador, chamado Sr Kadam, resolve levar Kelsey consigo para a Índia, onde ela poderia ficar com seu tigre por mais um tempo.
Kelsey embarca com Ren e Sr Kadam para a Índia, onde começa uma afeição paternal pelo velho, que mostra uma admiração enorme por Kelsey e a trata como filha.
Mas as coisas começam a dar errado no momento em que Kelsey pisa em solo indiano, misteriosamente, Sr Kadam some, e deixa Kelsey sozinha com o tigre, no meio da floresta. Certo dia, quando ela e o tigre encontram uma casa de madeira no meio do mato, Ren transforma-se em homem, deixando Kelsey apavorada.
" Virando-me lentamente, deparei-me com um rapaz bonito de pé bem à minha frente. Parecia jovem, 20 e poucos anos. Era uns 30 centímetros mais alto do que eu e tinha um corpo forte e esbelto, vestido em roupas largas de algodão branco. Sua camisa de mangas compridas estava para fora da calça parcialmente desabotoada, deixando ver um tórax liso, largo e de um tom de bronze dourado. A calça leve estava enrolada na altura do tornozelo, realçando os pés descalços. Os cabelos, negros e lustrosos, estavam penteados para trás e se encaracolavam levemente na nuca.
Seus olhos eram o que mais me chamava a atenção,aqueles eram os mesmos olhos do meu tigre, o mesmo tom de cobalto profundo.
Estendendo a mão, ele falou:
- Oi,Kelsey. Sou eu, Ren."
Ele diz que é um príncipe indiano, que recebeu uma maldição há milhares de anos de um feiticeiro maligno, Lokesh, desde então, Ren vive em corpo de tigre, e só pode virar homem durante 24 minutos à cada dia. Kelsey, completamente apavorada, resolve seguir o homem/tigre até o local onde o Sr Kadam está, e lá ele conta a Kelsey o resto da história, dizendo também que a garota foi a escolhida dos deuses para libertar Ren e seu irmão, Kishan, perdido na floresta, da maldição que transforma os dois em tigres.
Ren e Kelsey embarcam em uma jornada em um país desconhecido, com o objetivo de encontrar um objeto sagrado, que os ajudará à quebrar a maldição. No meio da jornada, os sentimentos falam mais alto e Ren e Kelsey acabam sofrendo uma intensa paixão, que acaba de modo triste e melancólico.

" - Deixe-me explicar dessa forma: assim, um homem faminto comeria feliz um rabanete, certo? Na verdade, um rabanete seria um banquete, se fosse tudo o que ele tivesse. Mas, se houvesse um banquete de verdade na frente dele, o rabanete jamais seria escolhido."
Ren permaneceu calado por um momento.
- O que está querendo dizer?
- Estou dizendo, que eu sou o rabanete.
- E eu sou o quê? O banquete?
- Não, você é o homem. Só que... eu não quero ser o rabanete. Quem quer? Mas sou realista o bastante pra saber o que eu sou, e eu não sou o banquete. Quer dizer, você poderia estar comendo bombas de chocolate, pelo amor de Deus.
- Mas não rabanete.
- Não.
- Mas e se... eu gostar de rabanete?
- Você não gosta. Só não conhece nada melhor. Eu lamento ter sido tão rude com você. Normalmente não sou assim. Não sei de onde vem todo esse sarcasmo."

Será possível a permanência desse amor? E tudo fica mais complicado ainda quando Kishan, o irmão de Ren, é encontrado e começa a seduzir Kelsey, formando um triângulo amoroso.

"Dei um tapinha amigável em seu joelho e joguei o trunfo.
- Estou indo embora.
- Você o quê?
- Estou voltando para casa, no Oregon. O Sr Kadam acha que vai ser mais seguro para mim, com Lokesh a solta por aí, tentando nos matar e tudo o mais. Além disso, você precisa de um tempo para esclarecer as coisas.
- Se você vai, então eu vou com você.
Sorri-lhe com ironia.
- Isso anula o propósito da minha ida. Você não acha?"

A Maldição do Tigre é um livro interessante, esta é minha real opinião sobre ele. Mesmo sendo envolvente, não o considerei emocionante, e notei momentos em que a escritora colocou fatos que pareciam estar falando com o leitor, invés de ocorrer a atuação entre os personagens, o que não achei muito agradável. De qualquer forma, é uma boa obra, de leitura fácil e agradável, detalhista e correta, onde há um triângulo amoroso bastante água com açúcar e algumas tiradas sarcásticas geniais, o que considerei o ponto alto do livro, além da forte inserção na cultura indiana.
A Maldição do Tigre é um livro recomendável para aqueles que gostam de um romance fictício, onde todas as linhas de todos os parágrafos são exclusivamente voltados para o romance.

"Eu não conseguia respirar. Fui para o banheiro e abri o chuveiro para abafar qualquer ruído. Fechei a porta, o que aprisionou todo o vapor ali dentro, e solucei. Espasmos de agonia sacudiam meu corpo. Meus olhos, meu nariz e boca, todos jorraram simultaneamente quando me permiti sentir o desespero vazio da perda.
Escorreguei para o chão e deslizei mais até estar esparramada com o rosto encostado no mármore frio. Deixei as emoções dominarem até me sentir completamente esgotada. Meus braços e pernas pareciam sem vida e insensíveis, os cabelos encresparam e grudaram-se ás lágrimas do rosto"

A única coisa que realmente me desagradou foi o fato de não existir um personagem ( ou casal), fora do enredo amoroso. Em todos os livros, filmes e novelas, existe uma segunda opção para todos aqueles que não gostam do protagonista, como o casal Holiday e Burnett, nos livros de C.C Hunter, ou até mesmo Helô e Stênio, na novela Salve Jorge. Esses casais são uma segunda opção, para quem não gosta dos principais, e isso é absolutamente inexistente nessa obra. Mesmo não tendo desaprovado o triângulo, sempre existem aqueles que não gostam, e é sempre bom existir uma segunda opção.
Mesmo minhas críticas estarem parecendo tremendamente negativas, eu gostei do livro, o reli, e continuei acompanhando a saga, o que prova que ele é bom, mas de um modo diferente.
É isso, leitores.
Este eu já li, e mesmo que pareça o contrário, aprovei.
Mariana

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Questões do Coração

     Olá, leitores.
     Desculpem pela demora por uma nova postagem, o verdadeiro problema foi o acaso da Páscoa coincidir com o dia no qual escrevo as postagens ( domingo), portanto não tive tempo para fazê-la.
     Hoje irei resenhar sobre um livro que li há alguns meses já, mas que sempre que posso, releio, de tão gostoso que achei. O nome da tão aclamada obra é Questões do Coração, de Emily Giffin.
     Quando comprei o livro, na Livraria da Jaqueira, Recife, sabia que seria um livro sem surpresas, pois já havia lido a respeito da escritora e estava à par de seus romances. Os livros de Emily sempre retratam um específico assunto, nesse caso, a traição, mas, diferente do que se parece quando olhamos a capa, não é nada de autoajuda, estilo literário que eu não aprecio.
   Não sei exatamente o que me fez comprar Questões do Coração, já que pelo título eu não leria o livro, e também nunca fui muito fã de obras que contenham " lições de moral" na capa, mas por alguma desavença do destino, esse livro de excelentes 438 páginas caiu em minhas mãos, e assim que abri a primeira página, não parei mais até chegar no fim.
   Mesmo tendo comprado o livro há alguns meses, não li mais nenhuma obra dela, talvez por que minha lista já está grande demais, ou talvez seja porque não creio que os outros livros dela sejam tão bons quanto esse. Para mim, livros marcam uma época da sua vida, e esse livro marcou minha fase romântica dos doze anos, onde eu só lia Nicholas Sparks, um atrás do outro. No momento, estou na minha fase de ficção, mas isso deixo para outro resumo.
   Na verdade, não sei exatamente o que escrever para esse resumo, já que o enredo é composto por duas séries diferentes de personagens, no qual a história se entrelaça como ramos de uma árvore por meios do destino. Questões do Coração é realmente um livro interessante, e mesmo que pareça grande, a história escorre como um filme, de tão agradável é a escrita da autora. Não diria que Questões do Coração entraria para a lista de Melhores Livros da Minha Vida, até porque meu gosto é bastante incomum, diferente das meninas de minha idade, amo romance policial e histórias de assassinato, e sou fissurada por escritores de mistério, mas mesmo assim gostei muito dessa obra, que só pode ser caracterizada como romance meloso ( defino como "romance meloso" livros de romance bons, não livros chatinhos do gênero, aos quais chamo de "romance água com açúcar").
   Bem, vamos ao resumo.

   Questões do Coração conta a história de duas mulheres bem diferenciadas, Tessa Russo e Valerie Anderson. Tessa é uma esposa feliz, que tem dois filhos e uma tediosa porém habitual rotina de mãe/dona de casa, da classe alta americana. Em seu oposto, Valerie é uma mãe solteira, que cria seu pequeno filho Charlie com o irmão homossexual, abandonada pelo pai da criança.
   O destino dessas duas mulheres tão diversificadas é entrelaçado quando Charlie, o filho de Valerie, sofre um acidente e tem metade do rosto queimado. O tratamento de Charlie é feito pelo doutor Nick Russo, no caso, marido de Tessa.
   A história do livro, em si, é bem pequena, mas Emily conseguiu criar uma teia de ideias onde relatos simples e ocasionais do dia a dia tornam-se coisas interessantes e agradáveis de ler.
A história começa a ficar realmente interessante quando Valerie começa a se apaixonar pelo médico de seu filho, marido de Tessa e pai de dois filhos, sendo que as duas mulheres, protagonistas no livro, apenas chegam a se conhecer no final da história.

"O tempo cura todas as feridas. Ela sabia disso melhor que a maioria das pessoas, mas, mesmo assim, ainda se surpreendia com isso, com o fato de que a simples passagem dos dias podia agir como uma mágica gradual. Ela ainda não o tinha esquecido, mas já não sentia mais sua falta de maneira tão aguda e dolorosa. Além disso, conformou-se com o que aconteceu entre eles, mesmo sem entender exatamente tudo aquilo. Ela pensou no que disse à esposa de Nick, que ele nunca a amara, e se perguntou se era verdade, como se parte de si ainda se agarrasse à crença de que tiveram algo verdadeiro juntos..."

   Como já disse antes, o modo como os escritores utilizam os tempos verbais chama muito meu interesse, e o que me despertou uma imensa curiosidade no livro foi o fato de Giffin conseguir escrever em dois períodos diferentes, com Tessa na primeira pessoa ( eu), e com Valerie na terceira ( ela), e mesmo assim deixou a história inteligível e fácil de ler.

"- Ah, que ótimo - Ele disse com um sarcasmo grave - É ótimo mesmo, agora estou sendo vigiado, seguido, como se fosse culpado por algum crime.
- E você é? - gritei - culpado?
- Eu não sei. Por que não pergunta ao seu grupinho de amigas? Por que não faz uma pesquisa com todas as donas de casa de Wellesley?
Estudei seu rosto, carregando uma expressão que eu só podia descrever como sendo de culpa"

   Como se pode perceber pelas passagens, o livro trata de um tema comum porém polêmico, a traição, e a autora soube ver exatamente a passagem dos três envolvidos, a amante, o traidor e a traída. E, mesmo que termine de uma forma ainda mais polêmica, eu gostei do livro e o recomendo para as pessoas que pedem por um bom e agradável romance.
   Enfim, leitores, Questões do Coração, um dos primeiros livros de Emily Giffin, é meu resumo da semana.

Esse eu já li, e aprovei.